Tudo Sobre Movimentos Literários: Tipos, Características e Autores
Movimentos literários explicados: conheça as escolas, autores e obras que marcaram a história da literatura.
Literatura

A literatura brasileira é como um espelho da nossa história: mostra como as pessoas pensavam, sentiam e se organizavam em cada época. Conhecer os movimentos literários é essencial para o ENEM, já que eles aparecem em questões de literatura, interpretação de texto e até podem ser usados como repertório na redação.

Romantismo
Autores principais: José de Alencar, Gonçalves Dias
Características:
No século XIX, o Brasil havia conquistado a independência e precisava construir sua identidade cultural. O Romantismo surge nesse contexto, trazendo três grandes características: o nacionalismo, o sentimentalismo e a liberdade artística.
Os escritores românticos buscavam exaltar a natureza brasileira e o indígena como símbolo da nação. José de Alencar é o principal autor, com obras como Iracema e O Guarani. Já na poesia, destaca-se Castro Alves, que além do lirismo amoroso, escreveu versos engajados contra a escravidão, como em Navio Negreiro.
O Romantismo também fala muito de amores impossíveis e da exaltação das emoções humanas. Hoje, podemos comparar esse movimento às novelas e séries dramáticas, que exploram paixões intensas, conflitos sociais e até lutas por liberdade.
Realismo
Autores principais: Machado de Assis, Aluísio de Azevedo
Características: Na segunda metade do século XIX, em meio ao avanço da ciência e das ideias positivistas, surge o Realismo, que rompe com a visão idealizada do Romantismo. Aqui, os autores passam a analisar a sociedade com olhar crítico, racional e até irônico.
O maior nome é Machado de Assis, com obras como Dom Casmurro, que questiona temas como ciúme, poder e hipocrisia social. Sua escrita é marcada pela sutileza, ironia e pela análise psicológica dos personagens.
Paralelamente, o Naturalismo, representado por Aluísio Azevedo em O Cortiço, aplica uma visão quase científica sobre o ser humano, mostrando como o meio e a hereditariedade influenciam o comportamento.
Podemos comparar esse movimento com os documentários atuais ou séries de investigação, que buscam mostrar a realidade como ela é, sem romantização.
Modernismo
Autores principais: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Clarice Lispector.
Características: No século XX, o Brasil viveu uma verdadeira revolução artística com a Semana de Arte Moderna de 1922. O Modernismo rompeu com a tradição, valorizou a cultura popular e buscou criar uma arte verdadeiramente brasileira.
Mário de Andrade, em Macunaíma, retrata o herói sem nenhum caráter, símbolo da mistura cultural do país. Oswald de Andrade, no Manifesto Antropofágico, propôs que o Brasil “devorasse” a cultura estrangeira e a transformasse em algo novo.
O Modernismo pode ser comparado à cultura dos memes da internet, que transformam a linguagem popular em crítica social e arte acessível a todos.
Outros movimentos literários no Brasil:
O Quinhentismo : O nascimento da literatura no Brasil
A literatura brasileira começa oficialmente no século XVI, com a chegada dos portugueses ao território. Nesse período, os textos não tinham caráter artístico: eram cartas, relatos de viagem e textos religiosos. O objetivo era descrever a nova terra e catequizar os povos indígenas.
Um exemplo é a famosa “Carta de Pero Vaz de Caminha”, escrita em 1500, que descreve as belezas naturais do Brasil e a impressão dos portugueses diante dessa “nova” terra. Já os jesuítas, como Padre Anchieta, produziam peças teatrais e textos religiosos para converter os indígenas ao cristianismo.
O Barroco
No século XVII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e vivia sob forte influência da Igreja Católica. É nesse contexto que surge o Barroco, marcado por contradições: fé e pecado, corpo e alma, riqueza e pobreza.
O maior nome desse período é Gregório de Matos, conhecido como “Boca do Inferno” por suas poesias satíricas, que criticavam políticos e costumes da sociedade baiana. Suas obras oscilavam entre a religiosidade intensa e o sarcasmo ácido. Outro destaque é Padre Antônio Vieira, famoso por seus sermões, que misturavam teologia com reflexões sociais.
Hoje, poderíamos comparar o Barroco a artistas que usam sua arte para expressar os dilemas humanos. Gregório de Matos, por exemplo, seria muito parecido com os rappers contemporâneos, que criticam desigualdades sociais e políticas.
O Arcadismo
No século XVIII, as ideias iluministas vindas da Europa influenciaram o Brasil, especialmente em Minas Gerais, durante o período da Inconfidência Mineira. Surge então o Arcadismo, que pregava a volta à vida simples no campo, em oposição ao excesso do Barroco.
Os poetas árcades defendiam ideais como o “fugere urbem” (fugir da cidade) e o “carpe diem” (aproveitar o dia). O principal autor é Tomás Antônio Gonzaga, com Marília de Dirceu, em que exalta o amor idealizado e a vida bucólica.
É como se os escritores árcades fossem os influenciadores digitais que defendem o estilo de vida minimalista e natural, valorizando a simplicidade diante da correria urbana.
Parnasianismo
Ainda no final do século XIX, surge o Parnasianismo, que valorizava a forma perfeita e a estética acima de tudo. Os poetas parnasianos, como Olavo Bilac, eram conhecidos pelo rigor técnico, pelas descrições detalhadas e pela busca da perfeição formal.
Podemos associar esse movimento à lógica das redes sociais, onde muitas vezes a forma e a estética se tornam mais importantes do que o conteúdo.
A Literatura Contemporânea
Da segunda metade do século XX até hoje, vivemos um período chamado de literatura contemporânea ou pós-modernismo. Não há um único estilo predominante: a marca é a diversidade.
Temos autores que exploram questões sociais, como Conceição Evaristo, com sua “escrevivência”, que retrata as experiências das mulheres negras; escritores intimistas, como Clarice Lispector, que mergulha nos dilemas existenciais; e poetas como Ferreira Gullar, que uniu engajamento político à experimentação estética.
A literatura atual está muito conectada aos debates sobre identidade, gênero, racismo, desigualdade social e cultura digital. É uma literatura próxima, que fala diretamente com os problemas do nosso tempo.
Como os movimentos literários aparecem no ENEM?
O ENEM não costuma pedir que o estudante apenas memorize datas, nomes e características dos movimentos literários. O foco da prova é interpretar textos, reconhecer estilos de época e relacionar a obra ao contexto histórico e social em que foi produzida. Por isso, mais importante do que decorar, é entender como cada movimento dialoga com seu tempo.
Por exemplo, em 2019, o ENEM trouxe um poema de Gregório de Matos (Barroco) para discutir a crítica social presente em seus versos, mostrando que a literatura pode funcionar como denúncia política. Já em 2015, apareceu um trecho de José de Alencar (Romantismo), e a questão pedia para o aluno identificar o indianismo como símbolo da identidade nacional no século XIX.
Outro caso foi em 2018, quando caiu uma questão sobre Machado de Assis (Realismo). O enunciado apresentava um fragmento de Dom Casmurro e perguntava como a narrativa explorava a subjetividade e as contradições psicológicas do narrador. Nesse exemplo, o ENEM não perguntou diretamente “quais são as características do Realismo?”, mas sim como essas características se manifestavam no texto.
Também é comum o exame cobrar textos do Modernismo. Em 2020, por exemplo, caiu um fragmento de Oswald de Andrade, e a questão relacionava o Manifesto Antropofágico à ideia de valorização da cultura brasileira. Ou seja, o aluno precisava entender a proposta modernista de “devorar” influências estrangeiras para criar uma arte nacional.
Por fim, a literatura contemporânea também aparece com frequência. Em 2021, o ENEM trouxe um poema de Conceição Evaristo, pedindo ao candidato que reconhecesse a relação entre a “escrevivência” da autora e a valorização da experiência das mulheres negras na sociedade brasileira.
Perceba que em todos esses exemplos o que o ENEM avalia não é só conhecimento técnico sobre os movimentos literários, mas a capacidade de interpretar textos e relacionar literatura, história e sociedade.
Por que isso importa para o ENEM?
Estudar os movimentos literários ajuda a entender como o Brasil foi se transformando ao longo dos séculos. Do olhar colonizador do quinhentismo até a diversidade da literatura contemporânea, vemos que cada período reflete seu tempo histórico.
No ENEM, isso aparece de várias formas: em questões que pedem a identificação de estilos de época, em comparações entre autores, ou até como repertório para a redação. Saber que Castro Alves lutava contra a escravidão, ou que o Modernismo valorizava a cultura popular, pode enriquecer muito sua argumentação.
Em resumo: conhecer a literatura brasileira é também conhecer a nossa própria história.
Exercício de fixação
Leia o fragmento abaixo:
"Macunaíma não tem caráter. Ele representa a mistura cultural do Brasil, absorvendo e transformando elementos estrangeiros em algo genuinamente nacional."
Considerando as características do movimento literário correspondente, assinale a alternativa correta:
a) Modernismo – busca criar uma arte autenticamente brasileira, valorizando a cultura popular e promovendo a ruptura com padrões europeus.
b) Arcadismo – prega a simplicidade e a vida bucólica, com ênfase no “carpe diem”.
c) Parnasianismo – valoriza rigor formal e perfeição estética acima do conteúdo.
d) Quinhentismo – descreve a nova terra e os indígenas de forma documental, sem intenção artística.
Resposta correta: a) Modernismo
O fragmento refere-se a Macunaíma, de Mário de Andrade, obra modernista que sintetiza a cultura brasileira e rompe com tradições literárias europeias, sendo um marco do Modernismo.