O cartão de crédito está presente na rotina de milhões de brasileiros e, quando utilizado de forma consciente, pode ajudar a organização financeira. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em parceria com o Instituto Datafolha, oito em cada dez consumidores enxergam o cartão como recurso para controlar gastos mensais.
Segundo a Serasa, a principal vantagem está no fato de que o cartão reúne em uma única data pagamento todas as transações feitas ao longo do mês, ao mesmo tempo que possibilita acompanhar cada transação e ter clareza sobre quanto foi gasto em diferentes áreas, como alimentação, transporte, lazer ou despesas pessoais. Essa visão detalhada do orçamento também permite estabelecer limites para cada categoria e, assim, reduzir excessos.
A empresa reforça que o cartão de crédito, quando usado com consciência, não é sinônimo de endividamento. O risco de inadimplência está relacionado a desequilíbrio entre ganhos e despesas, parcelamentos em excesso e falta de renda estável.
A Bolsa de Valores brasileira (B3) compartilha dessa análise e destaca que, ao evitar armadilhas como atrasos ou juros elevados, o consumidor pode tirar proveito da modalidade. Especialistas ouvidos pela instituição destacam que os cartões são práticos para viagens, compras on-line e situações emergenciais, como despesas médicas inesperadas, funcionando, em alguns casos, como uma “reserva financeira temporária”.
Cartão pode oferecer benefícios ao consumidor
Além da praticidade, o cartão de crédito pode trazer ganhos financeiros por meio de programas de fidelidade. A pesquisa da Abecs mostra que 76% dos consumidores consideram vantajoso utilizar o cartão justamente pela possibilidade de acumular pontos e receber parte do dinheiro de volta.
Pensando nisso, a Serasa orienta saber como funciona o programa de pontos ou cashback oferecido pela instituição financeira para aproveitar vantagens como milhas, descontos em passagens aéreas, trocas por produtos, diárias em hotéis, entre outros benefícios.
De acordo com a B3, quando o cartão oferece recompensas, uma estratégia recomendada é concentrar os gastos em um só cartão. “Esses benefícios fornecem retorno financeiro e podem até mesmo pagar uma parte da fatura mensal”, destaca.
No entanto, a instituição orienta avaliar se o benefício realmente compensa. Em casos que o cartão oferece 1% de cashback, por exemplo, vale considerar custos adicionais como anuidade, taxas de juros e outros encargos associados ao cartão de crédito.
Parcelamento pode ser uma forma de investir
Entre as funções mais valorizadas do cartão está a possibilidade de parcelamento. De acordo com o levantamento da Abecs, 47% dos consumidores consideram este como o principal atributo para usá-lo. A prática é vista por 86% dos entrevistados como um recurso para adquirir bens sem se apertar financeiramente.
A B3 explica que, quando não há diferença entre o preço à vista e o parcelado, optar pelo parcelamento sem juros pode ser uma estratégia para economizar e investir. Nesse caso, o valor que seria descontado de uma só vez pode ser direcionado a investimentos em renda fixa ou variável, criando oportunidade de retorno financeiro ao longo do tempo.
“Temos que deixar o dinheiro trabalhando! Pense assim, eu vou dar todo dinheiro à vista ou vou investir?”, indaga a educadora financeira Jenniffer Almeida, ouvida pela instituição. Segundo ela, o ideal é que o comprador invista o dinheiro que seria usado para pagar à vista em uma aplicação que conte com liquidez diária.
Mas, antes de adotar o parcelamento em todas as compras, a B3 alerta que é preciso analisar se não há desconto relevante para o pagamento à vista. A recomendação é que o parcelamento seja usado com cautela, para não estimular gastos acima da capacidade financeira.
Almeida acrescenta que é importante conhecer os próprios limites e manter o controle do orçamento. Para ela, a fatura do cartão não deve comprometer mais do que 40% da renda mensal, já que o consumidor continua responsável por outras despesas fixas, como aluguel, contas de água e luz ou mensalidade da faculdade.
Limite do cartão também pode ser utilizado para quitar contas?
Embora seja comum usar o cartão de crédito para compras no dia a dia, a Serasa destaca que o que muitas pessoas não sabem é que diversas instituições oferecem a opção de pagar boletos com o limite disponível. Essa alternativa pode ser útil em meses de aperto, quando os gastos superam a renda e é preciso garantir o pagamento das despesas essenciais.
Nessas situações, o cartão pode ser usado para quitar contas básicas, como água, luz, gás, telefone, plano de saúde ou farmácia, evitando cortes de serviços ou a incidência de juros diários. Em alguns casos, os bancos ainda permitem o parcelamento do valor do boleto, o que ajuda a aliviar o orçamento no curto prazo.
No entanto, a Serasa orienta que antes de optar por essa modalidade é preciso verificar se a instituição financeira oferece o serviço e quais são os custos envolvidos. Algumas operadoras podem cobrar taxas adicionais ou incluir a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que pode reduzir a vantagem dessa escolha.
A empresa reforça, ainda, que o uso do cartão para pagar contas deve ser uma medida emergencial e não um hábito recorrente. Se a necessidade de complementar a renda com o crédito se repete todos os meses, o ideal é reavaliar o orçamento familiar e identificar ajustes possíveis para que os compromissos financeiros sejam cumpridos sem depender dessa solução.
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