O cenário do mercado de trabalho está em constante transformação, e os jovens que ingressam hoje nesse universo profissional precisam lidar com desafios e oportunidades que exigem novas habilidades, posturas e uma compreensão mais ampla das dinâmicas atuais.

A geração que chega agora às empresas traz consigo expectativas diferentes das que marcaram as gerações anteriores, e especialistas apontam caminhos para que esses profissionais se posicionem de maneira estratégica e realista diante da concorrência.
Uma pesquisa recente divulgada pelo LinkedIn mostra que 85% dos brasileiros acreditam que uma boa indicação pode ser mais determinante do que o próprio currículo na hora de conquistar uma vaga. O dado chama atenção para a importância crescente do networking como uma ferramenta de valorização profissional.
Para muitos recrutadores e líderes empresariais, contar com o aval de alguém que conheça o histórico e o potencial do candidato pode não apenas acelerar processos seletivos, como também abrir portas que ainda nem foram oficialmente divulgadas.
Enquanto as gerações anteriores buscavam estabilidade a longo prazo e viam com bons olhos a permanência em uma mesma empresa por anos, os jovens de hoje se orientam por outros critérios.
Mobilidade, propósito no trabalho e oportunidades de aprendizado contínuo estão entre os principais fatores considerados por essa nova força de trabalho, que não se vê mais presa a estruturas rígidas. A mudança de comportamento provoca, inclusive, um choque geracional perceptível tanto em debates familiares quanto nas redes sociais e, sobretudo, dentro das organizações. A ideia de que os jovens são impacientes ou instáveis muitas vezes esbarra na realidade de um mercado que também se transforma em ritmo acelerado.
Dados mostram que, enquanto 41,67% dos profissionais entre 50 e 64 anos permanecem mais de uma década na mesma empresa, 24,1% dos jovens da Geração Z deixam seus empregos entre um e dois anos de atuação. Essa movimentação, no entanto, não necessariamente reflete falta de comprometimento, mas sim um novo entendimento sobre carreira e propósito.
Diversidade nas relações
A executiva Vivian Broge, da empresa de tecnologia TOTVS, ressalta que o networking é essencial em todas as etapas da carreira: “Procurei exercitá-lo em todas as etapas da minha carreira e faço isso até hoje. Sobretudo porque quanto mais convivemos com pessoas diversas, mas ampliamos as nossas perspectivas. E isso fortalece o nosso papel profissional”, afirma.

Essa diversidade de conexões contribui para uma atuação mais empática, aberta e alinhada com as demandas atuais do mercado. Ela propõe um olhar mais consciente para o círculo de amizades, avaliando se há diversidade real entre os contatos mais próximos.
A convivência com diferentes realidades culturais, sociais e econômicas, segundo ela, tem o potencial de enriquecer não apenas a vivência pessoal, mas também a forma como se atua no ambiente corporativo.
Bruno Szarf, vice-presidente global de pessoas e performance do Stefanini Group, compartilha da mesma visão e afirma que o crescimento profissional está diretamente ligado à qualidade das interações. Para ele, ouvir diferentes opiniões e pontos de vista é uma maneira eficaz de se antecipar em decisões e aprimorar a escuta ativa, habilidade fundamental no ambiente empresarial.
Em sua avaliação, a diversidade de pensamento estimula o desenvolvimento de ideias mais robustas e alinhadas com as demandas de um mercado em constante evolução.
O que os jovens esperam dos empregadores
Se, por um lado, os jovens exigem novas práticas das empresas, por outro, as organizações também precisam se adaptar para atrair e reter essa nova geração.
A Geração Z, nascida entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, cresceu em um ambiente hiperconectado, imerso em tecnologia e marcado por transformações sociais e culturais significativas.
Esses jovens esperam encontrar no ambiente corporativo um espaço que valorize sua autonomia, estimule a criatividade, incorpore a tecnologia de forma eficiente e, acima de tudo, tenha um propósito claro.
Muitas empresas ainda operam com modelos tradicionais que não dialogam com as expectativas dessa geração. Flexibilidade, por exemplo, tornou-se um critério central na decisão por aceitar ou não uma oferta de emprego. Modelos de trabalho remoto, horários adaptáveis e foco em resultados, em vez de controle de presença, são cada vez mais valorizados.
Além disso, os jovens buscam ambientes em que possam contribuir com ideias, participar de decisões e encontrar espaço para inovação, mesmo que isso implique em errar e recomeçar.
A cultura digital deixou de ser uma tendência e tornou-se um pré-requisito básico para atrair talentos que nasceram em meio à era das redes sociais, inteligência artificial e consumo de informação em tempo real.

Mesmo diante da valorização de habilidades práticas e do uso intenso da tecnologia, a formação acadêmica continua sendo um diferencial competitivo. O diploma universitário amplia as chances de empregabilidade, acesso a posições de liderança e melhores salários. Empresas tendem a valorizar candidatos que demonstram comprometimento com a formação acadêmica, pois isso reflete disciplina, persistência e atualização com as práticas e metodologias da área.
O ingresso da Geração Z no mercado de trabalho representa mais do que uma mudança de perfil profissional. É um chamado para que empresas, instituições de ensino e os próprios jovens repensem suas estratégias, expectativas e valores.
A construção de uma trajetória de sucesso depende, hoje, de um equilíbrio entre habilidades técnicas, inteligência emocional, conexões humanas e uma atitude proativa diante das transformações. Nesse cenário, estar preparado significa ser capaz de aprender continuamente, adaptar-se com agilidade e construir pontes , e não muro entre as diferentes gerações.
Como melhor aproveitar o Linkedin
Construir uma rede de contatos profissionais é uma das formas mais estratégicas de se preparar para o mercado de trabalho, e o LinkedIn pode ser uma ferramenta poderosa nesse processo. Segundo Ana Claudia Plihal, especialista na área, o ideal é que os estudantes comecem a usar a plataforma desde os primeiros períodos da faculdade. Mesmo sem experiência formal, é possível construir um perfil relevante e atrativo desde o início.
O LinkedIn vai além de um currículo digital. É uma vitrine para contar sua trajetória acadêmica, mostrar interesses, destacar projetos, estágios, atividades voluntárias ou qualquer experiência que ajude a desenhar seu perfil profissional. Criar um bom “Sobre”, seguir empresas da área, interagir com conteúdos e manter conexões com colegas, professores e ex-alunos são formas práticas de começar.
Para quem está começando, o mais importante é participar da conversa profissional de maneira autêntica. Curtir, comentar e compartilhar conteúdos da sua área demonstra engajamento, além de ajudar a construir visibilidade. O LinkedIn valoriza perfis ativos, e essa presença pode fazer a diferença na hora de conquistar uma vaga ou até atrair um mentor.
Vivian Broge, presidente do Instituto da Oportunidade Social (IOS), reforça a importância de espaços que incentivam tanto a qualificação técnica quanto o desenvolvimento de conexões.
O IOS oferece formação gratuita para jovens entre 15 e 29 anos, com foco em empregabilidade e networking desde a formação. Durante os cursos, os alunos têm contato direto com empresas e profissionais do mercado, ampliando seu repertório e suas oportunidades de inserção no mundo do trabalho.
O IOS está com inscrições abertas para o segundo semestre. Para saber mais sobre o processo, acesse.
Artigo escrito em parceria com a Revista Ensino Superior.